Este encontro de Jesus com sua mãe é fruto da piedade popular que colocou na 4ª estação da Via
Sacra a Virgem Dolorosa encontrando com seu Divino Filho carregando a cruz para o Calvário. Se procurarmos nos relatos
da paixão a presença de Maria, só a encontraremos perto da cruz, onde
permanecia de pé na companhia de sua irmã, Maria mulher de Clopas, de Maria
Madalena e ao lado delas o discípulo amado.
Podemos imaginar que a Virgem Lacrimosa acompanhou seu Filho no
caminho da cruz desde o palácio do governador até o alto do Gólgota, onde
crucificaram o Filho de Maria. Ser a mãe do Filho de Deus não poupou a Virgem
de Nazaré dos sofrimentos humanos da maternidade; por isso, o povo cristão fala
das sete dores de Maria que são acompanhadas das sete alegrias. Entre os
títulos da Mãe de Jesus, podemos citar alguns: Nossa Senhora das Dores, Nossa
Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade que lembram o seu sofrimento de
mãe. Também temos Nossa Senhora das Alegrias, Nossa Senhora do Prazer, Nossa
Senhora da Penha.
Quando fazemos a procissão do encontro na semana santa, queremos
celebrar a presença da Bem-aventurada Virgem Maria no mistério da Paixão, Morte
e Ressurreição de Jesus Cristo. O Papa Paulo na exortação apostólica Marialis
Cultus nº 37 diz que a função materna de Maria se dilatou, vindo assumir no
Calvário dimensões universais. Como devotos marianos, nós somos convocados pela
Igreja a vivermos a espiritualidade do encontro cotidiano com Deus e com os
irmãos e irmãs. Esta espiritualidade do encontro revela que somos uma igreja
missionária, que se coloca a serviço de milhões de pessoas feridas em sua
dignidade de Filhos e filhas de Deus. Quantas mulheres, quantas crianças,
quantos jovens e quantos trabalhadores que são vítimas do tráfico humano?
Diante desta situação de pecado, não podemos fechar os olhos,
tampar os ouvidos e não denunciar esta realidade de escravidão dos tempos
modernos. No cântico do magnificat a Virgem Maria nos recorda que o nome de
Deus é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração para aqueles que
o temem. (Lc 1,49-50)
Confiantes
neste amor de Deus por nós podemos esperar o encontro de muitas mães com seus
filhas e filhos desaparecidos no mundo da exploração sexual. Com Maria sejamos
solidários com estas vitimas da ganância de alguns e esperançosos na liberdade
que nos libertou.
Padre
Ermindo Rapozo de Assis – Arquidiocese de Vitória ES